Trabalho foi inspirado no Projeto Integrador da artista para o curso de Produção Fonográfica da UNIAESO
A pandemia interrompeu o fluxo de atividade de muita gente. Artistas, músicos, profissionais da arte no geral foram alguns dos mais afetados. Nesta lista, está Sofia Freire, cantora, compositora, pianista e produtora musical recifense, formada em Produção Fonográfica pela UNIAESO. A jovem estava colhendo os frutos do seu segundo disco, Romã, lançado em 2017, realizando turnês com outros artistas, vários shows marcados e prestes a produzir um novo disco, quando se viu isolada e sem perspectivas de voltar a cantar, o que, para ela, é mais que um simples trabalho: música é fonte de vida num sentido mais amplo.
Foi quando teve a ideia de esmiuçar o processo criativo por trás do trabalho mais recente, Romã, que foi vencedor do prêmio Natura Musical em 2016 e aclamado em show de lançamento no Teatro Santa Isabel. “Eu estava em busca de soluções para me manter ativa quando me veio a ideia de produzir vídeos para dar continuidade a algo que já vinha fazendo, mas de uma maneira mais profunda e aberta. Lembrei que meu trabalho de conclusão de curso na UNIAESO foi um faixa a faixa, focado na produção do disco, e pensei que poderia aproveitar esse material, adaptá-lo a outra linguagem, para a internet”, afirma. A intenção era, não apenas promover o próprio trabalho, mas estimular artistas (principalmente mulheres) a terem mais autonomia nos seus processos criativos.
Para Sofia, o disco Romã tem um poder significativo. “É um registro do início de uma jornada de autoconhecimento muito importante para minha vida, no que se refere às maturidades artística e pessoal. Dizem que o segundo álbum é o que vai definir se você está "dentro ou fora do jogo". Não tomo isso como verdade universal, porque acredito na mutabilidade das coisas (e dou graças a ela) e que cada experiência é única, mas, para mim, foi mesmo como uma confirmação de que é este o caminho pelo qual eu iria seguir, com todas as suas dores e delícias”, reforça.
O projeto Faixa a Faixa compartilha os bastidores da produção do disco, como o nome diz, música por música. Sofia transformou o processo de produção de cada faixa em roteiros, adaptando-os a uma linguagem menos técnica e mais apropriada para rede social e entendimento de todas as pessoas. A artista resgatou projetos brutos do Ableton Live, software de produção musical, da época que produziu as canções. Fez tudo com os recursos que tinha em casa: o cenário, a câmera, o computador. Foi ela que também editou o material, colocando em prática estudos em audiovisual e animação. A tarefa inspirou tanto, que ela acabou criando uma nova empresa, Eu Mesma Produções, para realizar trabalhos na área de animação e edição de vídeos.
“É possível ver uma evolução na qualidade da produção dos vídeos do primeiro ao último. Hoje, já estou com todos os vídeos gravados, até agora lancei oito episódios (a série fechará em dez). Posteriormente, o projeto teve incentivo da lei Aldir Blanc, o que foi muito importante. No momento estou editando os dois últimos”, finaliza. O Faixa a Faixa pode ser conferido nos perfis de Sofia no Instagram e no Youtube.
O feedbak do público tem sido excelente. “O projeto fez com que minha rede social se tornasse um espaço de trocas muito interessantes. Hoje consigo me sentir conectada ao público, já que não podemos mais estabelecer aquela conexão que só o ao vivo proporciona. Algumas pessoas me enviaram mensagens para compartilhar que o Faixa a Faixa as havia inspirado a tomar a frente de seus próprios projetos e dos seus processos criativos, isso me enche de alegria”, conclui.
SOBRE SOFIA FREIRE
Sofia Freire é cantora, compositora, pianista e produtora musical do Recife - PE. Em 2012 venceu a Seletiva Novas Joias promovida pelo Joinha Records, entrando para o casting de nomes como Mombojó, Vitor Araújo, Tiberio Azul e China. Em outubro de 2015 lançou o primeiro álbum, intitulado “Garimpo”, que contém poesias escritas por diversos poetas como seu pai Wilson Freire e sua irmã Clarice Freire, autora do livro Pó de Lua e Felipe S, do Mombojó. As poesias foram musicadas por Sofia, que também assina a produção do disco junto a Homero Basílio, China e Chiquinho Moreira.
Em 2017 venceu, por voto popular, o Natura Musical 2016, que possibilitou a produção do seu segundo álbum, o “Romã" (2017), que teve lançamento aclamado no Teatro Santa Isabel, no Recife, e foi amplamente bem recebido pela crítica especializada, saindo nas principais listas nacionais de melhores álbuns do ano. O disco reúne, novamente, poesias musicadas, desta vez escritas apenas por mulheres ao redor do Brasil, como Micheliny Verunschk, Luna Vitrolira e Piera Schnaider. Se apresentou Brasil afora com seu show no formato "banda de uma mulher só", onde sozinha em palco, explora sua sonoridade que transita entre a erudição do piano e o pop eletrônico, passando pelos principais festivais de música independente do Brasil, como Coquetel Molotov (PE e MG), Rec-Beat (PE) e Se Rasgum (PA).
Faz parte do espetáculo e coletivo feminista A Dita Curva, que reúne em palco 9 mulheres pernambucanas e que acumula uma turnê nacional e temporadas em teatros em Recife e Salvador, e no qual é co-diretora musical. Em 2018, Sofia foi convidada para participar dos shows da turnê REFAVELA 40, de Gilberto Gil, em sua passagem pelo Nordeste, e para seu encerramento no Circo Voador, na cidade do Rio de Janeiro, em 2019. Atualmente está desenvolvendo um projeto de encerramento do ciclo do seu álbum Romã, com incentivo da Petrobras Cultural, que irá ao ar no segundo semestre de 2021, trabalha em novas composições, ainda sem previsão de lançamento, e pesquisa processos criativos.